Acompanhe por aqui relatos e experiências registrados durante a produção da exposição.

Parto indígena | Parte I

Texto: Maria Esther Vilela (Coordenadora Geral da Saúde da Mulher – Ministério da Saúde) e Maria Christina Barra (fisioterapeuta, antropóloga e colaboradora da Área Técnica da Saúde da Mulher).


“É preciso resignificar o olhar para transformar o fazer.”


Falar do “parto indígena” hoje não é tão simples assim. Se o singular da palavra “indígena” agrupa sociedades que diferem da nossa, o seu plural atesta a rica diversidade das 243 populações indígenas brasileiras registradas que diferem entre si, não só na multiplicidade das diferentes concepções de mundo, mas também nas diferentes formas de interação com o mundo do branco, e isto inclui as políticas públicas de saúde. Assim, o ato de partejar nas populações indígenas acontece de diversas maneiras: mulheres que partejam só ou acompanhada de outra mulher geralmente mais velha ou de algum parente, mulheres que partejam acompanhadas de outras mulheres que se destacam na comunidade como “parteiras” e/ou dos profissionais de saúde que se encontram em área e mulheres que são encaminhadas por estes profissionais ou por vontade própria para o hospital de alguma cidade mais próxima das comunidades.

2452691304_ec1a2ba69b_bÉ quando adentramos neste rico universo de distintas formas de viver e diferentes possibilidades, que percebemos o quanto a hegemonia das ações de saúde não só enfraquece todo um complexo sistema de conhecimento do qual o nascimento de uma pessoa faz parte, como nos impede de conhecer novas possibilidades, outras maneiras de viver. O que já foi assunto de olhares curiosos de uns poucos, ilustres figuras capazes de estranhar e questionar suas próprias ações e imaginar novas possibilidades e possíveis contribuições entre diferentes formas de conhecer, hoje passa, na maioria das vezes, despercebido pelos profissionais de saúde. Costuma-se dizer, guardadas as especificidades, que o parto nas populações indígenas, não é nem de longe, um evento independente de outros momentos do ciclo de vida de uma pessoa. Ousaria dizer que também não o é para nós.

Assim, apesar das diferenças entre nós e eles, o que identificamos hoje em algumas populações indígenas, e que é comum a nós, é o desmanchar de um lidar autônomo com o próprio corpo e suas relações no âmbito de uma coletividade constituinte. Se do nosso lado, buscamos com movimentos como este, “Sentidos do Nascer”, devolver às pessoas um saber sobre o próprio corpo e ao nascimento, um sentido para além das ações de saúde, do lado de lá, é possível ainda pensar ações que reconheçam e valorizem os modos tradicionais de parir e nascer. Para tal é necessário, contudo, “reinventar” as ações de saúde. “Olhar” para eles pode ser um caminho.


Referências Bibliográficas:

Cabral de Oliveira, J.; Santos, L.K. “Perguntas demais” – Multiplicidades de modos de conhecer em uma experiência de formação de pesquisadores Guarani Mbya. Políticas culturais e povos indígenas/organização Manuela Carneiro da Cunha e Pedro de Niermeyer Cesarino. 1.ed – São Paulo: Cultura Acadêmica 2014.

Coelho de Souza, M.S.. Conhecimento indígena e seus conhecedores: uma ciência duas vezes concreta. Políticas culturais e povos indígenas/organização Manuela Carneiro da Cunha e Pedro de Niermeyer Cesarino. 1.ed – São Paulo: Cultura Acadêmica 2014.

Cunha, Manuela Carneiro. Políticas culturais e povos indígenas: Uma introdução. in Políticas culturais e povos indígenas/organização Manuela Carneiro da Cunha e Pedro de Niermeyer Cesarino. 1.ed – São Paulo: Cultura Acadêmica 2014.

Ferreira, L.O. Cursos, Partos e Parteiras Tradicionais: apropriações indígenas de conhecimento e das coisas do branco. Medicinas Indígenas e as Políticas da Tradição: entre discursos oficiais e vozes indígenas. Coleção Saúde dos Povos Indígenas, Rio de Janeiro, Editora FIOCRUZ, 2013.

Ministério da Saúde. Parto e Nascimento domiciliar assistido por parteiras tradicionais, 2010.

PROAIS- Programa de Ações Integradas de Saúde. Nascendo em Paz. Filme: Universidade Federal do Ceará (UFC), Maternidade Escola Assis Chateaubriand (MEAC), Rede Globo, 1992.

Scopel, R.P.D.. A Cosmopolítica da gestação, parto e pós-parto: práticas de autoatenção e processo de medicalização entre os índios Munduruku. Tese de doutorado em Antropologia Social, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014.

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43 respostas para “Parto indígena | Parte I”

  1. Claudio Paciornik disse:

    Concordo!

  2. Daniele dos Santos Lages disse:

    Concordo com o texto. Acho válido ressaltar a importância de manter a cultura das tribos indígenas viva! É necessário saber lidar e respeitar com a diversidade que o Brasil sustenta, levando em consideração a possibilidade que temos de aprender com uma cultura distinta.

  3. Juliana da Silva disse:

    Acredito que o texto explicita a importância de reconhecermos o parto natural como parte da fisiologia da mulher,refletindo o processo da parturição em sua essência. O modelo médico centrado tirou muito da naturalidade da via de parto natural, e institui nos profissionais de saúde e também nas mulheres que, quanto mais intervencionista, de melhor qualidade é o parto. O parto por via normal, humanizado, como de costume nas tribos indígenas, nos aproxima dos conhecimentos do próprio corpo.

  4. Dianna Silva de Oliveira disse:

    É impressionante pensar como as mulheres indígenas são fortes a ponto de fazerem os seus próprios partos muitas vezes sozinhas, conduzindo perfeitamente o sucesso do mesmo quando chegam com os seus bebes nos braços demonstrando como tudo correu bem. Por outro lado as crianças precisam ser imunizadas para que para crescerem e desenvolverem de maneira saudável. Conseguir aliar o conhecimento de mundo de dessas mulheres a medicina convencional, incluindo melhorias de saúde para essa população tem ganhado destaque e a cada dia tem sido um desafio para os profissionais de saúde

  5. Maria Tereza Teles Coelho Aguilar Costa disse:

    A maternidade, a gravidez e o parto são visto de maneiras diferenciada pelas comunidades indígenas. Os mesmos são carregados de saberes e conhecimentos que devem ser valorizados e considerados. A cultura indígena possui valores e tradições que podem nos acrescentar e nos ensinar, valorizando o nascer como uma processo natural e tradicional,no qual é de extrema importância o auto conhecimento do próprio corpo e do processo em si. Cabe a nós, profissionais de saúde reconhecer esse ensinamentos e de alguma forma respeita-los e modificar algumas práticas adotadas.

  6. Aline Wallma Campos Gontijo disse:

    Toda mulher grávida passa por diversos momentos de tensão pensando em como será o parto do seu bebê, se será cesárea, normal, natural, quanto tempo irá demorar, que dia exato irá começar e diversas outras questões que deixam muitas mães aflitas. Além dessa aflição, há ainda algum desconhecimento e muitos tabus por parte de diversas que acabam por aumentar o desespero das gestantes. Desta forma, vê-se que realmente é fundamental voltarmos a tentar conhecer mais aos nossos corpos e como funciona o nascer, de forma coletiva, quebrando tabus e medos e dando mais autonomia às mães.

  7. Nina Pedersoli disse:

    Eu concordo com o texto. Acho muito importante ressaltar a importância de conhecer e valorizar a cultura indígena, mas devemos nos atentar aos detalhes de que a cultura indígena não é apenas uma. De acordo com o texto: 7 Coisas que Aprendi com as Indígenas sobre a Maternidade – Andressa Dreher, “Cada povo vai ter uma visão sobre a maternidade, um jeito de ser mãe, uma maneira de lidar com as crianças. E mais: cada mulher vai ter o seu próprio jeito de ser mãe, dentro de recortes diferenciados – sua posição social naquela aldeia ou comunidade, sua idade, suas relações familiares, sua relação consigo mesma.” (http://azmina.com.br/2016/11/7-coisas-que-aprendi-com-as-indigenas-sobre-maternidade/).

  8. Sabrina Gonçalves de Caldas disse:

    É necessário olhar para as indígenas e buscarmos uma mudança de comportamento, pois independente da nossa etnia, nós mulheres aprendemos algo sobre o nosso corpo. Porém, com a medicalização maciça deixamos de lado os nossos próprios saberes para privilegiar a tecnologia o que nos leva a um comportamento passivo. Daí advém a importância da exposição, como uma forma de resgatar uma maneira de nascimento pela via natural que exige da mulher um controle ativo.

  9. Fabiana Martins disse:

    As populações indígenas possuem uma cultura diferente da nossa, no entanto essas mulheres possuem capacidades físicas, biológicas e psíquicas como outras. Elas vivenciam ainda nos dias de hoje um parto natural, muito diferente daquilo que tem ocorrido em nosso meio através do modelo hospitalocêntrico e biologicista. Entretanto ao estudar essa população podemos identificar possibilidades e dar valor aos saberes tradicionais desse povo para que as mulheres possam desenvolver autonomia para lidar com o seu corpo e o parto.

  10. Taynara Gabriele Araujo Felicio disse:

    A gravidez, parto e puerpério são conduzidos de várias maneiras pelas diversas culturas indígena e, de tal forma que, os profissionais de saúde ainda não conseguem reconhecer sua eficácia. Apesar das crenças, o processo pelo qual o corpo passa é o mesmo para todas, indígenas ou não, e é preciso atentar-se também pela saúde dessas mulheres e crianças, no intuito não só de agregar ao conhecimento desses povos, mas também aprender com eles.

  11. Paloma Oliveira e Silva Igreja disse:

    O parto, de forma geral, é um assunto pouco discutido além de existirem muitos mitos e/ou especulações! Quando se trata de uma cultura diferente, que está sendo cada vez menos valorizada é um tema ainda mais difícil de incluir na “sociedade moderna”, é o que mostra a autora quando diz que existe uma diversidade enorme de maneiras que podem ocorrer o parto na comunidade indígena e que nem sempre são valorizadas e respeitadas. É muito importante sempre reforçar e reconhecer a cultura da mulher.

  12. Ana Paula Reis Moreira disse:

    O mais belo de se observar nessas centenas de populações indígenas são suas lendas figurativas, as histórias fantásticas que eles criam ao redor do processo gravídico e de parto, dando significados místicos e embelezando esse momento singular para cada uma delas. Muito diferente do que observamos em nossa sociedade não-indígena, e muitas vezes nos próprios serviços de saúde, que é a instauração da cultura do medo, da patologização da gravidez e do nascimento. O texto diz que o parto indígena não o é para nós, e eu concordo, segundo nossas atuais condições culturais, sociais e de gênero. Mas isso não quer dizer que devemos nos conformar em ser assim. Conscientização da população é sempre a chave, e projetos como o Sentidos do Nascer que levam informação só enriquecem o processo de empoderamento das mulheres, que precisa ser contínuo.

    • Perla Oliveira disse:

      É interessante falar na continuidade do empoderamento das mulheres, concordo plenamente , mas precisamos que as instituições educadoras discutam mais sobre a variabilidade cultural de forma que os futuros profissionais de saúde tenha informações suficientes para assistir com respeito mulheres com diferentes crenças. o respeito às diferenças permite que essas mulheres empoderadas façam suas escolhas no momento do parto.

  13. Raquel Elias da Trindade disse:

    A cultura indígena é muitas vezes alvo de preconceitos e menosprezo, porém os saberes desse povo acrescenta imensamente as outras populações. Por exemplo, a visão deles sobre o parto natural como um momento fisiológico deveria ser mais divulgada e valorizada, assim como a força e o autoconhecimento das mulheres indígenas sobre seus corpos. Ao contrário do que é disseminado, os indígenas possuem conhecimentos que refletem de maneira positiva no contexto de saúde, como saber identificar a hora de parir e conduzir esse processo de forma natural . Os profissionais de saúde devem reconhecer esses valores e adequá-los as suas práticas.

  14. Marina Oliveira Hermsdorf disse:

    A grande diversidade cultural brasileira é fruto de diversos saberes e experiências, as quais necessitam de maior atenção. O parto indígena é muito mais do que mais do que o nascimento de uma criança, existem suas particularidades e intimidades muito inspiradoras pela naturalidade em conhecer e saber lidar com o seu corpo. O que para sociedade, em geral, é colocado como tabu, para a comunidade indígena é algo sagrado e natural, e são por questões assim que deve-se explorar e aprender mais com esta e outras culturas ao nosso redor.

  15. Vitória Santos Henriques disse:

    A cultura do branco tem massacrado o que há de mais belo no mundo: o partejar natural. Isso acontece através da hospitalização do parto que vem crescendo há um tempo. No entanto, ainda existem culturas que buscam preservar a naturalidade de parir, como os indígenas. Sem utopias, o parto natural dói, além de não ser tão simples e fácil, mas se empoderar, tomar posse do próprio corpo conhecendo-o, tornando este momento único somente seu e do bebê, como tem sido feito há séculos pelos indígenas, promove meios de se alcançar o que é o ideal para cada um. Isso é o mais importante, garantir que a gestante obtenha aquilo que deseja, respeitando seus conhecimentos prévios que embasam suas decisões. Mas cabe aos profissionais de saúde tomarem posse de um novo discurso, capaz de mostrar às gestantes qual o melhor caminho, e que elas tem plena capacidade de trilhá-lo.

  16. Ana Paula Reis disse:

    Gostaria de saber onde vocês compraram essas bonecas de india partindo. Oi se foi encomenda qual o nome é contato do artesão.
    Obrigado, aguardo retorno.
    Ana Paula Reis

    • sentidosdonascer disse:

      Oi! Que bom que gostou do artesanato do Vale do Jequitinhonha, se não me engano João Alves de Taiobeiras é o artesão. Não temos o contato mas ele é bem reconhecido, deve ter o contato na internet. As obras podem ser encontradas em algumas feiras de artesanato nacinais ou locais. Boa sorte!

  17. Larissa Soares Padilha disse:

    O texto nos faz refletir sobre como o parto, que é um processo natural e fisiológico da mulher, foi modificado desnecessariamente ao longo do tempo, passando a ser, na maioria dos casos, medicalizado e tirando da mulher o seu poder de protagonismo. Infelizmente a sociedade atualmente vê o parto natural/normal como “parto de índio” e esquece que ele é fisiológico da mulher. A imagem anexada agrega muito valor ao texto, mostrando uma mulher indígena, parindo, sem necessidade de nenhuma outra intervenção, poderia ser qualquer outra mulher de qualquer outra cultura. Nesta imagem podemos perceber o quanto a mulher pode ser a protagonista de seu parto através da força fisiológica que ela possui.

  18. Valquíria Pinto disse:

    ” “Olhar” para eles pode ser um caminho” uma frase como está nos faz pensar em como, quanto sociedade, nós “evoluímos” ao longo dos anos. Será mesmo evolução? A partir de pensamentos como estes resgamos o que realmente é vital para nós, seres humanos, estarmos bem. Afinal de contas quem saberá melhor o que nos faz bem do que estes que nós chamamos de indígenas? e a partir deste nome vem uma segregação do resto da sociedade, mas são eles que vivem em congruência e sincronismo com a natureza, sabendo reconhecer o que o corpo lhes pede. A desconstrução de certos saberes da sociedade atual é cada vez mais necessário, pois no decorrer dos anos nós nos separamos do ser e com isso perdemos sentimentos inatos essenciais.

  19. Thais Cotta Abreu disse:

    A cultura indígena para nós, moradores de centros urbanos, assim como o parto indígena ainda é uma grande incógnita, inicialmente me parece muito distante, pois é sabido que o parto cesário possui índices alarmantes. Muitas curiosidades me fazem pensar o quão atrasados estamos, mesmo com tantas tecnologias e avanços biomédicos, para compreender as singularidades de cuidados presente nessa população, que se difere entre tribos e povos, durante o parto. Como graduanda de enfermagem do 9º período, tento recordar quantas vezes este assunto foi abordado ao longo do percurso curricular obrigatório e a resposta é: apenas uma vez, apesar das politicas públicas e do parto humanizado ser retratado em diversas disciplinas. Para conseguirmos realmente conhecer as singularidades dessas mulheres e desenvolver um cuidado integral é necessário falarmos e estudarmos cada vez mais sobre o assunto, considerando a cultura, a moradia, os conhecimentos, a forma de parir e nascer, lembrando que as mulheres não se resumem ao aparelho reprodutivo.

  20. Marina Dumont Pena disse:

    Hoje realizei algumas leituras aqui no blog que me fizeram refletir muito sobre o preconceito. Preconceito com os indígenas, principalmente. Chego a uma conclusão de que devemos, com urgência, dar valor a cultura indígena (que não é somente uma), dar importância aos saberes, as 243 populações indígenas brasileiras. E é legal reconhecer essa importância e necessário reconhecer que somos falhos. Respeitar os indígenas é também respeitar o nosso presente, futuro e principalmente nosso passado e o parto dessas mulheres é tão importante como qualquer outro, inclusive cheio de emoções e ensinamentos.

  21. Bárbara Lara Couto disse:

    É muito importante pensarmos que cada cultura tem o seu modo de fazer as coisas e, considerando que dentro da “cultura indígena” há várias culturas, já que são povos diferentes, é indispensável ressaltar uma observação: em todas as culturas, o parto natural é considerado o mais seguro (salvo em situações especiais). Infelizmente, os brancos têm mudado bastante essa “tradição” e têm feito com que mulheres tenham seus bebês de forma conveniente para a sociedade, e não para o nascituro e sua mãe. É muito importante para as mulheres ter autonomia sobre o próprio corpo, ter conhecimento do próprio corpo, do que deve ou não ser feito, do que é melhor ou não para ela e seu bebê, para ter poder sobre si mesma e sobre sua vida pois, além de ser o momento do nascimento de uma criança, é um momento único que cada mulher deve ter a possibilidade e o direito de passar do jeito que ela desejar.

  22. Bruna Luiza Soares Pinheiro disse:

    Gostei muito do texto, pois apesar de existirem políticas públicas que garantem um atendimento à saúde que respeite às diversidades culturais dessa população, ainda há poucos estudos e certo desconhecimento por parte dos profissionais de saúde e da sociedade em geral quanto à este tema. Atualmente estamos vivendo um paradoxo quando o assunto é a assistência perinatal, pois a assistência ao parto e nascimento ocorre predominantemente em hospitais (lugar considerado o mais seguro possível) e, mesmo assim, a taxa de mortalidade entre os indígenas assemelha-se ao dos países mais pobres. Por isso, acho de extrema importância observarmos as universalidades e as particularidades que envolvem a vida dessas mulheres para conseguirmos dar uma assistência humanizada, integral de modo a valorizar as especificidades étnicas e culturais e respeitá-las.

  23. Camila Eller Miranda Salviano disse:

    Para ser um bom profissional da saúde, precisamos entender a nós mesmos primeiro. Muitas vezes, não conhecemos os ciclos que passamos durante a nossa vida. Dessa forma, como poderemos nos abrir a compreender realmente o ciclo pelo qual o outro passa? Como podemos cuidar do outro se não cuidamos de nós?

  24. Luiza Oliveira Santos disse:

    Ao ler o texto reflito em como tendemos a colocar tudo em caixinhas; tendência essa que está acompanhada de uma certa comodidade. Considerar as particularidades demanda trabalho. E, muito além disso, demanda olhar o outro como dono de si, como protagonista do seu próprio cuidado e como quem melhor conduzirá questões relacionadas ao seu corpo. Isso inclui o processo de partejar. Diante de tamanha diversidade não basta considerar práticas “indígenas” e “não indígenas”. Cada povo carrega consigo particularidades, sendo assim a homogeneização não convém. O diálogo intercultural torna-se imprescindível para cuidar com assertividade, garantindo a tão falada integralidade.

  25. Emanuelle Faria disse:

    Concordo na íntegra com tudo o que foi exposto no texto. É fato que a cultura branca vem massacrando a cultura indígena brasileira desde o surgimento do nosso país. Os saberes dos nativos perderam importância à luz dos costumes Europeus, e até hoje vemos o reflexo disso em todas as áreas, e esta é apenas uma delas. Ao resgatar as tradições, não apenas fortalecemos mulheres indígenas, mas estamos valorizando toda uma cultura deixada de lado por tanto tempo, o que traz benefícios à todas as mulheres.

  26. Ketlen Marques Abdala disse:

    Concordo com o que foi demonstrado no texto, e acredito que ainda podemos levar em conta sobre o empoderamento das mulheres indígenas durante o processo do trabalho de parto e parto. O que eu observei é que ou o profissional da saúde alcança a mulher indígena e modifica seus costumes e formas de parir, ou isso não se modifica, porque ela ainda não foi alcançada por alguém. E querer modificar algo que faz parte da cultura, do enraizamento daquele novo indivíduo dentro daquela população, é no mínimo, estressante. O ato de parir para os indígenas é único e natural. Como ao fim do texto afirmaram, devemos procurar olhar para eles e aprender um pouco mais sobre esse processo de trabalho de parto, afim de naturalizá-lo, e trazer isso para as outras mães, porque o que se é observado é a falta de conhecimento sobre esse processo, e se não há conhecimento, dificilmente encontraremos mulheres empoderadas para o seu ato de parir.

  27. Marianna Roberta Almeida Silva disse:

    As populações indígenas, geralmente, são vistas pela sociedade brasileira com preconceito e idealismo. O que as pessoas acreditam saber sobre a cultura indígena, muitas vezes são somente fatos fragmentados, histórias superficiais e imagens genéricas empobrecedoras da realidade. Precisamos estar mais abertos a conhecer melhor as diferentes culturas e rituais do nosso país.

  28. Camila Cardoso de Araújo Costa disse:

    Ao ler esse texto podemos perceber o quão diferente é a cultura do parto na cultura indígena e na cultura do parto do branco como diz o texto. Há pouco tempo vem se desmitificando a ideia de se ter um parto humanizado o que chegaria mais próximo de um parto indígena, mas ainda se tem muitas dificuldades e tabus, quanto a relação do quanto isso vai ser saudável para mãe e para criança e se esse parto é realmente indicado. Creio que muitas vertentes ainda precisam ser discutidas para que se chegue em um consenso, mas que o parto indígena é especial isso sem dúvidas!

  29. CAMILA DUARTE LAGE SANTOS disse:

    Esse texto me fez refletir em como é importante o profissional de saúde, seja ele qual for, conhecer a cultura indígena e de outros povos; seus saberes, crenças, modo de viver, de pensar e sentir, para que a assistência em saúde e ao parto seja pautada no respeito aos valores desses diferentes povos, suas singularidades e autenticidades. Desse modo, poderá haver o compartilhamento igualitário de conhecimentos e experiências de ambos os lados, criando vínculo e confiança e, quem sabe assim, menos preconceito sobre esse tema tão importante na vida de qualquer mulher, seja ela indígena ou não.
    O parto normal deve ser visto como direito de todas as mulheres (salvas raras exceções em que há indicação de cesária), sejam elas indígenas ou não e, como tal, deve-se respeitar suas escolhas, seus sentimentos e anseios.

  30. Júlia Izabela Marques disse:

    Interessante olhar por esse lado, porque até então eu nunca tinha pensando em como seria o parto indígena além da ideia do parto natural, confesso que me surpreendi ao ler que algumas inclusive tem seus partos em hospitais, agora estou imaginando quantos ritos diferentes para o pré e pós-parto cada população indígena deve ter. Isso é de uma riqueza cultural imensa, que nos faz abrir os olhos para os nossos preconceitos já formados.

  31. Como futura profissional de saúde, me preocupo muito como poderei oferecer um atendimento de qualidade às populações indigenas, de modo geral, a todas aqueles indivíduos incluidos em diferentes modo de vida que não compõe a nossa cultura ocidental, considerando que durante a minha formação esse tema não é abordado com a frequência que deveria. Tal fato é desconcertante sabendo que vivemos em um país marcado pela diversidade e pluralidade, além de historicamente desvalorizamos os saberes e práticas dos saberes tradicionais, e esse é um dos motivos empesquisas que apontam a parcela da população com maior dificuldade de acesso à um serviço de saúde de qualidade, isso é, com os piores indicadores de saude, apresenta tais populações, como os povos indígenas.

  32. Jennifer Ribeiro Santos disse:

    A maternidade de cada mulher é única, e tratando-se das mulheres indígenas isso torna-se mais complexo ainda devido as várias tribos existentes e suas particularidades. Pensando em uma assistência integralizada, nós como profissionais da saúde devemos sempre respeitar e entender que há diferentes formas de nascer e parir, e nossas ações precisam somar-se às diversas culturas. De fato não há diferenças do ponto de vista biológico do nascer entre mulheres indígenas e não indígenas, mas devemos nos atentar que há diferentes percepções sobre o processo de parto e isso deve ser levado em consideração quando se fala de uma assistência à saúde integralizada.

  33. Giovanna Thaís Aparecida Neves disse:

    O texto faz refletir sobre a importância de se levar em consideração o contexto, a crença e a diversidade das populações indígenas no ato de partejar. Além de ser um momento único na vida das mães, para as mulheres indígenas o parto também significará a manifestação da sua cultura. Em virtude disso, é fundamental que os profissionais de saúde sejam capacitados para atuarem nessas diferentes realidades, respeitando e reconhecendo as particularidades de cada população e a autonomia das parturientes.

  34. Elton Junio Sady Prates disse:

    O texto retoma uma a importante discussão que permeia a valorização dos saberes tradicionais indígenas, que incluem o processo e o ato vivo de partejar. Nesse sentido, compreender esse fenômeno envolve valorizar os saberes originários, tendo em vista que é possível dialogar o saber popular e o saber científico, ao se propor reconhecer as individualidades, as crenças e as distintas cosmovisões. Compreende-se, portanto, que é preciso reconhecer que mudança, por vezes, buscada pela cultura do branco em relação ao processo de partejar se passa inexoravelmente pela valorização e retomada dos saberes e práticas indígenas.

  35. Fernanda Alves do Nascimento disse:

    A compreensão da amplitude da diversidade indígena é fundamental para entender as variações existentes no modo e na relação que esses povos tem com o parto. A abordagem feita no texto corrobora com a importância da valorização e respeito a cultura desses povos para que a humanização seja efetivada e que o desejo da gestante seja atendido.

  36. Viviane Caroline de Oliveira disse:

    Buscar “Sentidos do Nascer” é compreender que o período de gravidez, parto e pós-parto, pode ser vivido de forma amorosa, menos destrutiva e de mais respeito pelos seres humanos e pela natureza. Quando falamos de parto indígena, falamos de um universo complexo e diverso como foi dito no texto, devemos considerar o direito de cidadania de acesso aos serviços de saúde para estas mulheres e ainda o reconhecimento, respeito e a valorização das especificidades étnicas e culturais das mesmas.

  37. Natalia Ramos de Menezes Dressler disse:

    As diversas tradições e culturas das sociedades indígenas devem ser respeitas e consideradas quanto às decisões das mulheres indígenas sobre o próprio corpo, onde se inclui o ato de parir da forma que ela desejar. Projetos como “Sentidos do Nascer” nos ajudam a ampliar o olhar e as percepções diante de novas culturas, o que é de suma importância para que percebamos que o direito à decisão de como trazer uma nova vida ao mundo e o respeito a essa decisão é uma luta de todas as mulheres, dentro de suas particularidades.

  38. Mariana de Assis Cabral Pereira disse:

    Acho que devíamos conhecer mais e nos espelhar em alguns costumes indígenas. Mesmo que hoje caminhamos para o parto humanizado, o ato de parir tradicional ainda deve ser mais valorizado, sempre considerando as escolhas da mulher que deve ser a protagonista desse momento. No parto normal os profissionais de saúde devem estar ali para dar suporte físico e emocional e monitorizar, esclarecer dúvidas e todas as opções que a mulher tem para aliviar a dor e posições, por exemplo, mas nunca “fazer” o parto. É lindo ver culturas valorizando tanto o partejar natural e dando autonomia à mulher nesse momento tão importante da vida dela.

  39. Fernando Ferreira Dias disse:

    Independentemente da forma como a parturiente indígena escolhe pelo nascimento, ela deve ser respeitada em todos os âmbitos pelos profissionais de saúde e instituições de saúde, visando cumprir todas as políticas públicas, nacionais e internacionais, que as resguardam como mulher e como indígena, um indivíduo de cultura diversa e plural. O nascer é um momento único, tanto para a mãe quanto para o bebê. Com o respeito a cultura e as opções da mulher, evita-se o acontecimento de violências obstétricas.

  40. Ana Paula Rego Moreira disse:

    Impressionante como o simples fato de refletir sobre o “Sentido do nascer” pode nos levar a tantos lugares incríveis. As histórias das mulheres indígenas que descobrem sua autonomia e corpo durante o parto nos inspira a continuar acreditando nas mulheres e na sua capacidade de realizar ações que promovem seu próprio crescimento. Ao meu ver, nós mulheres deveríamos olhar com um olhar diferenciado para as indígenas e nos inspirar.

  41. Bom eu gostei muito do texto, de onde veio o embasamento o trabalho de uma parteira quem os ensinou estas mulheres fazer este lindo trabalho ,que hoje nos em quantos profissional da saúde muitas das vezes tiramos direito das mulheres querer se assistido pela cultura delas, posso falar em quanto filho de parteira filhos de povo tradicional da etnia tembé que na nossa aldeias tiraram os direitos da parteiras fazer seu papel no cuida das gestantes e pra nos são partos tradicional de geração a geração então eu defendo minha pátria!

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