Acompanhe por aqui relatos e experiências registrados durante a produção da exposição.

Nascer indígena?

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Ũgtok Put Mĩmtutu Kopa // A criança nasceu dentro da casa (MAXAKALI, 2008, p. 92)

O que leva as pessoas a dizerem, de forma preconceituosa, que o parto normal é coisa de indígena?

Texto: Érica Dumont 

O que leva as pessoas a dizerem, de forma preconceituosa, que o parto normal é coisa de indígena? A situação enunciada suscita algumas questões, das quais destacamos: o problema de generalizarmos o parto natural como sendo a forma de partejar indígena e o preconceito em torno dos saberes e práticas dos povos indígenas.

Sobre o problema de generalizarmos o parto natural como sendo a forma de partejar indígena, podemos pensar que o nascimento nas sociedades indígenas (e também não indígenas) envolve diversas “técnicas corporais”. As técnicas corporais, de acordo com o antropólogo Marcel Mauss (1872-1950/2003), são maneiras pelas quais as pessoas, de sociedade em sociedade, sabem servir-se do seu corpo. Tais técnicas se organizam no [e pelo] sistema de montagens que constituem a vida do indivíduo, no seu nível mais objetivo – de modo que este(a) possa se adaptar constantemente a um objetivo físico, químico, mecânico, como, por exemplo, expulsar um embrião que se desenvolveu na barriga. E também no seu nível mais simbólico – para que este(a) participe da sociedade da qual faz parte, de acordo com a sua cultura e de acordo com o lugar que ocupa, como, por exemplo, tornando-se “mãe”.

Uma vez que as técnicas do corpo são aprendidas por meio da educação das necessidades e das atividades corporais desde a infância, muitas vezes não as percebemos ou refletimos sobre elas, confundindo-as com atribuições exclusivamente biológicas. Nesse sentido, é tentador sugerir que algumas técnicas do corpo – como a que chamamos de parto natural – sejam as mais “naturais” e aconteçam entre os diferentes povos que não escolheram ou que não tiveram acesso à tecnologia biomédica, como uma importante parcela dos povos indígenas. Mas essa generalização não nos parece adequada, e, com o olhar mais aproximado, veremos que as técnicas de partejar são próprias de cada povo, sendo compostas a partir dos diversos elementos materiais e simbólicos desse mesmo povo. Assim, como descrevem os(as) autores(as) Maxakali (2008), o parto [“natural”] das mulheres Maxakali acontece em um lugar longe dos outros, com a parteira ou o pajé. “[A mulher Maxakali] Não grita e fica pensando. Os outros [Maxakalis] ficam conversando, alegres, riem, mas ela não. Se tem cama no quarto, ela fica em cima da cama e o marido fica no chão.” (MAXAKALI, 2008, p.58). Já para os Piro, como descreve o etnógrafo Peter Gow (1997), o feto é agente de seu próprio nascimento, eles são o manewlu, “aquilo que está sendo encorpado”, e surgem de dentro ativamente, sem que sejam “paridos”, até que alguém chega à casa somente para cortar o cordão umbilical. Assim, ainda que o nascer entre os povos indígenas envolva técnicas que são aparentemente semelhantes quando analisadas a partir dos nossos referenciais [todas são “parto natural?”], sob olhar mais cuidadoso percebemos a diversidade de elementos objetivos e símbolos que estas técnicas envolvem, tornando-se únicas.

Deste modo, além do problema da generalização dessas práticas, também nota-se um preconceito em torno dos saberes e práticas dos povos indígenas. Sabe-se que o nosso profundo desconhecimento sobre os povos indígenas é resultado de uma violência histórica contra esses povos, que, por sua vez, gera outras formas de opressão. Não se sabe como nascem os indígenas, porque há uma persistente tentativa de silenciamento dessas histórias. Como consequência, generalizamos seus complexos processos de nascer, catalogamos a partir de nossas referências de mundo e, como profissionais de saúde, não somos capazes de respeitar o direito e a autenticidade das culturas indígenas. Não se quer saber como nascem os indígenas, porque se parte do pressuposto de que o saber complexo, o mais desenvolvido, está relacionado ao saber biomédico, europeu, branco, o que impossibilita construirmos trocas igualitárias entre as experiências humanas.

Contudo, as(os) indígenas estão se organizando, escrevendo suas histórias, filmando. Esses movimentos de luta, de resistência, configuram-se também como uma oportunidade de revisitarmos a nossa relação com o “outro” e com nós mesmos.

Foto Ilana Lansky

Foto Ilana Lansky


Referências bibliográficas:

MAUSS, Marcel [1872-1950]. Sociologia e Antropologia. Trad: Paulo Neves. São Paulo: Cosac Naif. 2003.

MAXAKALI, Índios. Hitupmã’ax: curar/Rafael Maxakali [et al.]. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG; Cipó Voador, 2008.

GOW, Peter. O parentesco como consciência humana: o caso dos Piro. Mana, Rio de janeiro, v.3, p.39-65, 1997.

 

42 respostas para “Nascer indígena?”

  1. Todos os conteúdos das matérias são alto espírito critico . Pena que a maioria das pessoas não leem.

  2. Excelente, pena que a maioria das pessoas não leem.

  3. Aída Claire disse:

    Olá pessoal,
    Que pena que acabou a exposição no Parque das Mangabeiras.
    O título deste texto logo me chamou a tenção , pela experiência ruim e frustrante que passei com o médico obstetra que acompanhou minha primeira gestação.
    Eu, marinheira de primeira viagem, cheia de sonhos e planos. Já toinha ouviso falar do parto humanizado numa feira de gestante e bebê no Minascentro. Encantei-me.
    Mas, ao falar sobre o desejo de ter um parto humanizado, qual foi minha desagradável surpresa? O médico rispidamente me respondeu que se eu quisesse esse tipo de retrocesso , era pra eu ir a aldeia mais próxima e pedir para um pajé fazer meu parto porque ele não faria e que eu estava quase que ofendendo a medicina por tamanho retrocesso de pensamento. E pior ele disse que se eu quisesse poderia procurar outro profissional. Eu com 36 semanas não tive coragem de arrumar outro médico.Foi muito ruim! Fiquei sem graça e constrangida.
    Minha bebê já estava compeltando 41 semanas e nada de querer sair rsrsrs. Então ele marcou meu parto. Falou quye seria cesárea. Chegando lá no hospital , ele me colocou no tal do soro, apesar de não querer de jeito nenhum. Tinha medo. Fui sozinha para o quarto. Minha mãe e meu marido ficaram do lado de fora na recepção.
    Após, meia hora minha bolsa rompeu, e ai as dores começaram fortes. Eu não dilatava. Só fiquei nos 5cm e me levaram para o bloco cirurgico, deram -me a anetesia. Mandaram fazer força , mas eu não me lembro de conseguir pois o sono foi maior.
    Parece que fiquei dopada, não entedia o que se passava ao meu redor, só senti o médico me sacudindo, fazendo força pra tirar minha filhinha de dentro de mim. Ele suava muito , fazia força. Eu pedia pra meu mardo entrar, ele falava que isso era bobagem , pra quê? Eu insitia, nos ultimos minutos meu marido entrou , bateu umas duas fotos. Agnes saiu chorando tadinha, foi enrolada num pano feio, cinza. a enfermeira a colocou por 2 segundos perto do meu rosto e a levou.
    Bom, esse foi meu parto. Outras coisas aconteceram após esse momento , mas quem sabe eu conto outro dia.
    Sinto-me fragilizada até hoje quando lembro desse assunto.
    É isso pessoal.
    Obrigada por esse trabalho lindo que agora conheci e vou acompanhar mais de perto.

    • sentidosdonascer disse:

      Ola Aída! Que experiência traumática de parto você nos trouxe! Infelizmente, a violência durante o parto ainda é muito comum no Brasil. Vamos seguir trabalhando para que cada vez mais mulheres tenham experiências positivas e muito saudáveis de parto e que histórias como a sua sejam cada vez mais raras. Se possível, faça uma denúncia na ouvidoria do hospital, do SUS ou da ANS de sua cidade. Um abraço e muito obrigado por dividir sua vivência com a gente.

  4. Antonieta de Jesus Sacramento disse:

    O grande problema do ser humano é generalizar o não respeitar a individualidade do próximo, a comunidade indígena tem sabiamente o parto natural como primeira opção , o parto é um processo fisiológico e, a mulher indígena deve dispor de assistência médica caso queira e, quando houver necessidade durante a gestação e no momento do parto, porém devem ser respeitados os costumes e vontades de cada etnia, levando em consideração a segurança da mãe e do feto. Existe uma mistificação em torno do parto natural, cabe ao ” homem branco” respeitar os costumes de outras etnias principalmente os profissionais de saúde que na minha opinião além de respeitar precisam conhecer as diversidades onde atuam.

  5. Emanuelly Martins disse:

    Olá!
    Acredito que esse preconceito com o parto natural também vem do nosso distanciamento das práticas naturais, devido, principalmente, ao modelo biomédico, que sempre pensa em intervenções. Isso, de certa forma, tira nossa autonomia sobre nossos corpos (como foi evidenciado pelo comentário acima e pela quantidade de cesárias desnecessárias feitas no Brasil) e reduz o parto natural a uma prática primitiva e inconveniente, perpetuando, ainda mais, os mitos sobre o parto.
    Sobre a generalização das práticas indígenas, creio que isso evidencia um grande desconhecimento sobre a cultura, visto que o Brasil possui uma população indígena bastante diversificada, com diferentes práticas e costumes, sendo impossível de existir um “nascer indígena” propriamente dito.

  6. Bárbara Moreira Duarte Ramos disse:

    Excelente texto. A partir dele, e de outras referências, podemos perceber como as vezes a prepotência e a arrogância de pessoas que conseguiram obter um nível mais elevado de intelectualidade podem acarretar em preconceitos fúteis e muitas vezes prejudiciais para as culturas existentes no mundo. Infelizmente, criou-se em nossa sociedade a errônea mania de achar que o conhecimento teórico e biomédico é o melhor e o certo, desmerecendo assim os conhecimentos culturais e empíricos existentes em cada grupo do planeta. Dessa forma, acabamos excluindo, desmerecendo e generalizando as outras formas de parto, como por exemplo a dos indígenas, julgando sabermos e conhecermos o suficiente para que classifiquemos como certo ou errado as práticas existentes. Esse assunto veio e me fez refletir ainda mais sobre o fato de que cada paciente é singular e possui uma história própria, e que devemos, como profissionais e seres humanos, respeitá-la e se possível extrair o máximo de conhecimento que pudermos dessa experiência alheia, para que assim possamos diversificar cada vez mais nosso conhecimento e tornar cada vez mais humanas as práticas de saúde.

  7. Rayanne Marques Costa disse:

    Devemos respeitar os povos indígenas, o que significa ter respeito pelo ser humano, pelo passado e pelo futuro. Assim, não devemos aniquilar suas culturas, seus saberes e suas vidas. O parto indígena possui tanto valor quanto qualquer outro, as dificuldades os riscos e as emoções são as mesmas.

  8. Só o título do texto já me chamou a atenção. E depois a pergunta feita me fez refletir que por mais que estejamos em um mundo ‘moderno’ ainda se perduram concepções preconceituosas quanto aos indígenas. Nunca me veio à mente que as pessoas poderiam associar o parto normal como somente de “coisa de indígena”. Creio que esta concepção pode demonstrar o preconceito histórico para com o estilo de vida indígena e sobre o parto normal, já que às vezes o parto normal é associado ao primitivo, primitivo é associado ao índio, e o estilo de vida do índio não se encaixa no costume moderno atual.
    O parto normal é coisa de qualquer mulher que se informa, escolhe e anseia por isso. O que muda entre os grupos sociais e culturas é como se dá o “ritual” do parto e seu simbolismo, como exemplificado no texto do grupo Maxakali e no Piro.
    Texto reflexivo!!

  9. Silvia Cristina Oliveira da Silva disse:

    Vemos que de forma preconceituosa, as pessoas generalizam o parto natural como coisa de indígena, antiquado ou ultrapassado. As pessoas já estão tão acostumadas com o modelo biomédico, das cesárias, do parto programado, fácil, rápido e “considerado seguro”, que se alguém ou um povo se opõe a este sistema são julgados e sofrem preconceito em torno dos saberes e as técnicas de partejar, o parto natural. Por isso os povos indígenas são ignorados, e os seus saberes são negligenciados e por isso não há trocas igualitárias entre as experiências humanas. Portanto é preciso incentivar e conscientizar as pessoas sobre o parto normal e sobre diversos saberes e praticas dos povos indígenas pois é preciso resgatar o parto humanizado e integrar conhecimentos. Como é dito em um dos videos da exposição Sentidos Do Nascer “Parto Normal não é coisa só de índio, é uma tendência moderna, é coisa de holandesa, de princesa da Inglaterra, de Gisele Bundchen… ” .

  10. Dianna Silva de Oliveira disse:

    Interessante notar como somos ignorantes quanto aos indígenas de maneira geral. Sempre somos conduzidos a pensar sob a forma dos colonizadores que se instalaram nessa terra e impuseram seu modos de ser. O índio tem suas práticas desde sempre e perpetuaram como povo. O que torna claro que muitas de suas técnicas são notórias. O nascimento que é algo legitimo para a continuidade de uma nação . Dessa forma conhecer como estas práticas ocorrem para a partir daí criticarmos de maneira positiva é uma maneira de aproximarmos de algo tão genuíno. Muito legal reconhecermos a importância dessas práticas que faz parte de uma cultura que tem crescido, uma vez que a população indígena está crescendo novamente. e finalmente parar de pensar que o modelo medico é o único inteligente que existe.

  11. Sterline Therrier disse:

    Acho interessante o texto trazer essa diversidade existente no ato de partejar entre as indígenas, e é bom destacar a intervenção de profissionais ou um parto hospitalar como sendo algo escolhido pelas mulheres, lembrando que são processos sucedidos na maioria das vezes, assim se faz necessário pensar as nossas ações como profissionais de saúde em cima dos partos além de afetar a autonomia, o respeito das mulheres e suas culturas, mas também oculta a oportunidade de descobrir e reconhecer outras formas de “parir” por elas adotadas.

  12. Muriel Fernandes disse:

    Muitas vezes somos conduzidos a pensar que o “diferente” é algo a ser evitado e consequentemente, não ser falado sobre, dando brechas para a indiferença, a não valorização e o preconceito. Entretanto, o diferente, na minha opinião, é aquilo que não conhecemos e compreendemos, portanto, devemos dar oportunidade para conhecê-lo antes de concluirmos sobre o que não sabemos. A diversidade é bonita e deve agregar ainda mais ao invés de causar estranheza!

  13. Ana Clara Crepaldi Trindade disse:

    Quanta reflexão esse texto proporciona! Me fez parar e pensar como o preconceito (e muitas vezes o desrespeito) em relação aos indígenas de um modo geral está ainda tão presente, mesmo nos tempos de hoje nessa constante busca pela igualdade de gêneros, por quebras de tabus e tantas outras lutas mais. O preconceito se faz presente em comentários, no uso de expressões inadequadas, na construção de jargões referentes à cultura indígena, que a maioria dos não-indígenas não conhece direito. É maravilhoso conhecer um pouquinho da diversidade da cultura indígena..quanto mais há pra eu conhecer!

    Somos nós, mulheres, as únicas responsáveis por realizar nosso parto, juntamente com a ajuda da criança a nascer. A bravura das mulheres indígenas relatadas nas histórias e textos referenciados é de emocionar e nos motivar. Por quê a ignorância do ser humano leva a relacionar a magia de um parto natural como sendo parto indígena, como se parir como as índias fosse uma coisa ruim, como se valesse menos?

    Que bom seria se todos nós percebêssemos o quanto perdemos por não buscarmos conhecer um pouquinho mais das diversas culturas indígenas e respeitá-las!

  14. Rosiane de Oliveira Cunha disse:

    O grande problema da humanidade é aceitar a medicalização do parto. O processo de parto e nascimento é um processo fisiológico, faz parte dos seres humanos, mas ao vivermos em um mundo tecnológico damos lugar para as intervenções desnecessárias, uso de fármacos para alívio da dor e a necessidade de um ambiente hospitalar para a parturição. Ao nos depararmos com sociedades que não tiveram acesso a tecnologia, ao modelo biomédico, causa estranhamento e infelizmente o preconceito. Felizmente, existem hospitais que procuram resgatar o processo fisiológico do parto e proporcionar as mulheres um trabalho de parto especial, sem intervenções, o contato pele a pele e inserção da família nesse momento tão íntimo. O caminho é empoderamento das mulheres, acesso à informação e principalmente o respeito a diversidade.

  15. Ludmila Silva Castanheira disse:

    A partir da leitura desse texto, me veio à seguinte pergunta: quando e por que nos tornamos tão preconceituosos com os indígenas?
    A resposta para esse questionamento inicia-se desde a tão lembrada Carta de Pero Vaz de Caminha, famoso escritor que contava em suas cartas sobre o local descoberto e suas belezas naturais, bem como nos povos que ali viviam, mas sempre, pelo olhar europeu de soberania e de que aqueles povos precisavam ser civilizados. No entanto, é um engano nosso se dissermos que nós não herdamos esse olhar. Acredito que devido a isso, tenhamos nos tornado preconceituosos,assim como dito no texto, o resultado da violência histórica contra esses povos é devido ao nosso desconhecimento.
    Com relação à maternidade, infelizmente ainda existe o tabu sobre o parto natural. Isso ocorre principalmente devido ao olhar extremamente biomédico que ainda persiste em nossa sociedade, fato este que se comprova pelos altos índices de cesáreas sem real indicação. Diante dessa realidade, temos muito que aprender com toda a sabedoria que os povos indígenas possuem e juntar com os nossos conhecimentos e embasamento teórico, a fim de oferecer a mulher uma experiência única e prazerosa. Mas, sempre lembrando que segundo o texto, cada povo tem uma forma de partejar, sendo compostas a partir de seus próprios elementos materiais e simbólicos, ou seja, a partir da cultura de cada povo.

  16. Thais Teixeira Lima disse:

    Muito bom este texto, me fez refletir e repensar sobre o conceito generalizado sobre “parto normal” e como este é atrelado a um conceito de parto indígena, selvagem e destituído de conhecimento cientifico, como nós somos ignorantes ao pensar desta forma. O parto é constituído e se dá pelas técnicas corporais e conceitos que cada cultura constrói e se constitui como um povo dotado de saberes e conhecimentos únicos, o que torna o parto uma experiência única para cada povo. A maneira como os indígenas nascem tem as suas particularidades para cada povo e devemos respeitar isto, promovendo a autonomia dessas mulheres sobre o seu corpo, modo de pensar e a maneira como quer parir. Fico muito grata pela oportunidade de ler este texto, espero que outras pessoas possam desfrutar desta reflexão crítica.

  17. Natália Medeiros Garcia do Carmo disse:

    O texto nos faz refletir sobre o preconceito que a sociedade tem com os indígenas, quando dizem que o parto natural é “coisa de índio”, como se isso significasse algo ruim, arcaico, quando na verdade não sabem nada sobre as mais diversas formas de nascer indígena.
    Eu, particularmente, acredito que o parto natural, como “coisa de índio”, quer dizer se conectar com o seu próprio corpo, respeitar os seus momentos e o ciclo natural da vida, sendo assim uma coisa maravilhosa, ao contrário do que aqueles que usam essas expressões querem dizer.

  18. Karime Al Aridi Oliveira disse:

    O texto nos faz refletir sobre como foi incorporado em nossa sociedade o preconceito pelo parto natural, a falta de interesse e conhecimento pelas diversas culturas existentes, como a indígena, que já é encarada por grande parte das pessoas como uma forma arcaica e selvagem de parir, por pura ignorância em relação ao assunto. A transformação do parto em um momento médico, hospitalizado e com o máximo de intervenções possíveis para “ajudar” e “acelerar” esse processo, se tornou comum e o visto como correto, tirando das mulheres e suas famílias a autonomia e oportunidade de vivenciar a experiência do parto da maneira que sentir-se mais à vontade. Dessa forma, o nascer indígena também permanece calado e mistificado como algo negativo do qual não se deve ter interesse real em conhecer e absorver aprendizado.

  19. Giulia Ribeiro Schettino Regne disse:

    Temos evidências suficientes para sustentar o parto normal e o apoio à fisiologia do parto e nascimento! Uma pena que a natureza exercendo seu papel (quase magicamente, diga-se de passagem) seja interpretada de forma negativa e, ainda mais, que essa forma negativa seja associada ao indígena! O nosso modelo de atenção à saúde tem se tornado tão medicalizado que o “normal” são as intervenções…

    A(s) cultura(s) indígenas são tão ricas, tão complexas e repletas de tanta sabedoria, que devíamos nos inspirar nela(s)! As mulheres conhecem profundamente seu corpo, processo que estamos passando e buscando cada dia mais. O preconceito e a desinformação têm destruído esses saberes, encaixando-os aos moldes médico-centrados dos séculos XX, XXI… O grande desafio acredito que é proporcionar o acesso a uma assistência digna, integral e eficaz, sem desrespeitar as particularidades das mulheres, principalmente as indígenas. Conhecimento e respeito são as peças-chave.

    O texto nos faz refletir bastante! A partir disso, que o “coisa de índio” possa ser transformado, visto e usado carregado de significados positivos!

  20. Anny Leal Gotschalg disse:

    Esse texto me fez lembrar da história, quando foi observado principalmente na década de 90, a população brasileira sendo fortemente imersa no “mundo das cesáreas” e o modelo biomédico transformando ano após o ano, o parto, um momento tão delicado de nascimento e (re)nascimento, repleto de simbologias e significados únicos e diversos, em uma indústria. A medida que se aprimoravam as tecnologias, as mulheres grávidas passavam a se tornar cada vez mais refém delas. Foi nesse momento que iniciou-se o hábito de estereotipar como “antiquado e inseguro” o que não era compatível com tais “avanços da medicina”, e rapidamente o natural foi sendo abandonado e desmerecido. Atualmente, fala-se na humanização, seja do parto, do cuidado, etc, e é com ela, que trazemos informações concretas e esclarecimentos, para que toda mulher seja finalmente empoderada a tomar suas próprias decisões, a reconhecer suas preferências, o que a deixa feliz e confortável, seus desejos para o seu bebê, a viver suas experiências da forma que ela quiser! Vejo o preconceito gerado em torno das mulheres indígenas e o modo como elas geram seus filhos, uma forma da sociedade ainda do modelo biomédico, persuadir as mulheres não indígenas e residentes de áreas urbanas a estenderem e acatarem a cultura da cesariana. O partejar indígena deveria ser mais respeitado e valorizado, porque ele representa a preservação da singularidade de cada parto e o indígena só se torna alvo de preconceito pelos simples fato de não sobrepor um modelo imposto pela sociedade não indígena ás suas crenças, hábitos e tradições que são correspondentes a maneira particular dessa população de compreender a vida, seu corpo, etc.

  21. Yasmin Aparecida Pires Silva disse:

    A partir da leitura, surge uma reflexão a cerca do preconceito que existe com os indígenas, mesmo nos dias de hoje. O texto nos faz refletir sobre a forma que é generalizado na sociedade, o parto natural como parto indígena, sendo essa uma forma de preconceito e falta de conhecimento sobre o nascimento e o parto em outras culturas. O parto acontece por técnicas, elementos e conceitos de acordo com cada cultura, através dos conhecimentos aplicados, tornando esse momento único e diferente para cada um. A particularidade de cada povo, de cada cultura e de cada parto deve ser respeitada, fazendo desse momento uma experiência unica.

  22. Mariana Costa Reginaldo disse:

    Para que o respeito aconteça não é necessário conhecer o outro. Respeitar é ser capaz de não julgar e reconhecer que somos seres diferentes. O texto explora claramente essas questões e levanta aspectos que estimulam a reflexão da necessidade de categorizar e indiretamente comparar povos e culturas. Não há certo ou errado, o que realmente existe é o melhor para ‘’mim’’. É praticar a autonomia do corpo e permitir que as particularidades e diversidades do nascer indígena aconteçam.

  23. Ana Elisa Dias Magalhães disse:

    Acredito que o preconceito existente sobre a ideia de parto e nascimento indígena se dê pelo pouco ou inexistente conhecimento que há sobre as diversas culturas indígenas, seus costumes e saberes. Associamos o parto normal a algo primitivo e, com ele, a ideia de que os povos indígenas fazem parte de uma cultura primitiva, e que suas práticas e técnicas, sejam elas quais forem, não possuem embasamento teórico-científico, reforçando o preconceito. Assim, qualquer ato ou pensamento referente à cultura indígena será, de forma generalizada, prejulgada. Somado à isso, crescemos numa sociedade em que o modelo biomédico, infelizmente, predomina, influenciando na maneira como as pessoas pensam, a considerar as práticas cada vez maiores de cesáreas.
    Esse texto me fez refletir em como é importante o profissional de saúde, seja ele qual for, conhecer a cultura indígena; seus saberes, crenças, modo de viver, de pensar e sentir, para que a assistência em saúde seja pautada no respeito aos valores desses diferentes povos, suas singularidades e autenticidades. Desse modo, poderá haver o compartilhamento igualitário de conhecimentos e experiências de ambos os lados, criando vínculo e confiança e, quem sabe assim, menos preconceito sobre esse tema tão importante na vida de qualquer mulher, seja ela indígena ou não.
    O parto normal deve ser visto como direito de todas as mulheres (salvas raras exceções em que há indicação de cesária), sejam elas indígenas ou não e, como tal, deve-se respeitar suas escolhas, seus sentimentos e anseios.

  24. Luiz Zorzanelli disse:

    Ótimo texto! Entre outros no site, me abriu a visão para um assunto do qual eu pouco entendia, e que é extremamente interessante para mim e relevante para minha formação como profissional da área de saúde.
    O desenvolvimento constante de novas tecnologias biomédicas faz com que deixemos de lado saberes tradicionais de diversas culturas, inclusive os da cultura branca europeia, em prol do saber técnico moderno. Quando pensamos, então, nos saberes tradicionais e na cultura indígena de um modo geral, é de se esperar que estes tenham sido ainda mais esquecidos, ignorados e vistos com preconceito por nós, uma vez que é uma cultura que foi historicamente oprimida (e ainda o é), sendo vista até hoje com preconceito por grande parte da população não indígena.
    A importância do conhecimento técnico e das tecnologias modernas é inegável para a manutenção e promoção da saúde da população em geral. Porém, para a população não indígena, essas técnicas poderiam ser ampliadas e enriquecidas com os saberes tradicionais, tanto indígenas quanto não indígenas, o que faz com que elas não tenham uma efetividade e qualidade tão boas quanto poderiam ter. Para as populações indígenas, as práticas médicas modernas exclusivamente técnicas, além de não tão efetivas quanto poderiam ser, tornam-se também danosas na medida em que violam o direito desses povos de vivenciarem sua própria cultura nas diferentes fases da vida.
    Como excelente exemplo de situação, temos o tema do site: o parto, o processo de nascimento. Ele tem significados particulares, dependentes da cultura e da história de cada indivíduo, mas sua relevância na vida das mulheres que o vivenciam e nas sociedades é inegável. Portanto, é extremamente necessário que se desenvolva e mantenha uma política de saúde voltada para o parto e o nascimento que assegure a saúde da mãe e da criança, respeitando suas particularidades culturais, sociais e individuais, tanto nas populações indígenas quanto não indígenas. Nas populações indígenas, é importante considerar sempre a enorme pluralidade de povos que habitam o país, rompendo com o preconceito disseminado de que se pode classificar os indígenas como um único grupo homogêneo. Dessa forma, respeita-se o direito individual de vivenciar a própria cultura em todas as fases da vida.

    Por fim, enquanto que grande parte da sociedade visualiza a população indígena com preconceito e superioridade, há pessoas que afirmam existir superioridade na cultura indígena em outras áreas, como na espiritualidade, na relação com a natureza e, por que não, no parto humanizado. Enquanto que o conceito de ‘superioridade’ não é simples e, talvez por isso, talvez não fosse ideal colocar quaisquer culturas como ‘superiores’ ou ‘inferiores’, é um fato conhecido de que o atendimento à saúde da população que temos hoje em dia carece muitas vezes de respeito e humanidade. Neste quesito, seria muito benéfica a incorporação de práticas de medicina tradicional como as da medicina indígena de forma a tornar noss sistema de saúde mais humanizado. Pode-se tomar como exemplo o parto em algumas culturas indígenas: ele é, em geral, mais humanizado e espiritualizado, sem as intervenções agressivas e desnecessárias que vemos muitas vezes em hospitais. Através do intercâmbio (e do respeito) entre diferentes culturas, podemos enriquecer os métodos de atendimento à saúde que já possuímos e utilizamos, desenvolvendo práticas de saúde mais integrais, respeitosas e efetivas, como por exemplo a promoção do parto humanizado, que é um assunto que vem ganhando cada vez mais espaço.

    Fico feliz em ver que projetos como o “Sentidos do Nascer” existam, mostrando que estamos no caminho certo para desenvolvermos e aprimorarmos cada vez mais nossas técnicas, de forma a atender integralmente as mais diversas populações e culturas presentes no extenso território do nosso país.

  25. Isabela Gurgel disse:

    Interessante quando a gente se depara com esse tipo de texto que traz a tona os preconceitos decorrentes das diversidades da nossa sociedade. O parto natural é preconceituosamente dito como “coisa de índio” por ser diferente? Ou por não ser conhecido? E esse desconhecimento seria falta de vontade? Acho que vivemos um momento em que novamente as mulheres começam a se inteirar do parto natural, a conhecer e a optar por essa forma de parir. Passamos por um momento, ainda que muito sutil, de defesa do parto natural. Não seria esse o momento de resgatarmos o modo de parir indígena? Dessa maneira, poderíamos conhecê-lo melhor e ver que difere das outras formas apenas pelo ritual em que está inserido. É preciso respeitar os desejos das mulheres e as tantas influências culturais que cada uma carrega. Muito bacana ver que tem gente que fala disso, que mostra isso e que luta pra que essas mulheres sejam respeitadas e conhecidas.

  26. Camila Eller Miranda Salviano disse:

    Eu acho que nem sempre que o termo “de índio” é utilizado, ele é preconceituoso. Parir sem a interferência ou avaliação de outros nos nossos corpos é um privilégio e um risco corrido por aqueles que vivem distantes do modelo biomédico. Infelizmente, dentro desse modelo, o mais comum é enxergarmos apenas os riscos.

  27. Foi o primeiro texto que li sobre o assunto e achei muito interessante esse ponto de vista. Realmente, a sociedade indígena sofre um grande preconceito por parte do restante da sociedade brasileira, principalmente no que tange aos seus costumes, que são vistos como arcaicos e rudimentares. De fato, o parto indígena tem várias particularidades que o fazem único, principalmente sob o ponto de vista cultural. Na nossa cultura, o parto natural atualmente é visto como um grande “vilão” para a maioria das mulheres, que insistem em recorrer à cesariana para dar à luz a seus filhos. O parto indígena, por outro lado, parece ser encarado com extrema naturalidade e algo que todas as mulheres indígenas passarão um dia, sem colocar uma carga de sofrimento exagerado em cima disso. O grande problema do parto natural na nossa cultura é o descaso dos médicos com as pacientes, que muitas vezes nem ao menos procuram saber se a mulher terá condições físicas de ter o parto natural. Com isso, muitas mulheres sofrem muito tentando forçar o parto natural, que muitas vezes, não tem condição de acontecer. Daí, o tabu sobre o mesmo.

  28. Dandara Soares Monteiro disse:

    O texto nos faz refletir bastante sobre a historicidade da saúde e a resistência do modelo biomédico, ainda nos dias atuais, que reforça o intervencionismo em ações que poderiam seguir seu curso natural. O parto normal é um processo fisiológico que, infelizmente, ao longo dos anos, foi ganhando o estereótipo de algo primitivo (devido às poucas intervenções realizadas) e, por isso, algo ruim, ultrapassado.
    Além disso, percebemos como é forte a generalização e o desrespeito com as individualidades de cada cultura. Me questiono se as pessoas não conseguem se colocar no lugar do outro e ter empatia, se elas gostariam de ser maltratadas e gostariam de ter sua cultura taxada como algo ruim apenas por ser diferente.

  29. Shirlei Tieme Inaba da Fonseca disse:

    Observo que ainda é preciso redescobrir muito sobre parto e nascimento, não podemos generalizar. Cada trabalho de parto é individual e único, precisamos respeitar e entender melhor cada mulher na hora de parir. Buscar nas culturas indígenas a naturalidade, a simplicidade para que os nascimentos aconteçam de forma tranqüila e os hormônios exerçam seu papel. Para que mamãe e bebê sejam mais respeitados na hora do parto.

  30. Marco Aurélio de Souza disse:

    Ao ler esse texto percebi que seria um erro considerar que o nascer entre os povos indígenas possui uma homogeneidade. Mesmo entre eles, existe uma pluralidade e uma autenticidade que os tornam singulares quando se trata do nascimento de uma criança.
    Além disso, a cultura indígena trouxe um saber muito utilizado na cultura ocidental: o curare – relaxante muscular usado em procedimentos cirúrgicos. Toda cultura tem seu valor e seus saberes são muito valiosos e, às vezes, aplicáveis a nossa realidade. Portanto, o ideal é que as culturas (indígena e ocidental) deixem de disputar qual é a melhor para realizem uma troca, um diálogo e se beneficiarem com que o outro tem a oferecer.
    Considero importante mencionar que, embora o modelo europeu para o parto (natural ou cesárea) seja aquele com os menores índices de mortalidade ao nascer, o modelo indígena traz para essas futuras mães o “conforto“ alicerçado na tradição. Talvez para uma índia a forma de parir deles seja a melhor escolha e cabe a nós profissionais de saúde respeitar essa escolha, afinal, este é o momento delas e nada mais justo que elas decidam como será feito esse momento que marcará a vida delas até a consumação de seus dias.

  31. Marco Aurélio de Souza disse:

    Ao ler esse texto percebi que seria um erro considerar que o nascer entre os povos indígenas possui uma homogeneidade. Mesmo entre eles, existe uma pluralidade e uma autenticidade que os tornam singulares quando se trata do nascimento de uma criança.
    Além disso, a cultura indígena trouxe um saber muito utilizado na cultura ocidental: o curare – relaxante muscular usado em procedimentos cirúrgicos. Toda cultura tem seu valor e seus saberes são muito valiosos e, às vezes, aplicáveis a nossa realidade. Portanto, o ideal é que as culturas (indígena e ocidental) deixem de disputar qual é a melhor para realizem uma troca, um diálogo e se beneficiarem com que o outro tem a oferecer.
    Considero importante mencionar que, embora o modelo europeu para o parto (natural ou cesárea) seja aquele com os menores índices de mortalidade ao nascer, o modelo indígena traz para essas futuras mães o “conforto“ alicerçado na tradição. Talvez para uma índia a forma de parir deles seja a melhor escolha e cabe a nós profissionais de saúde respeitar essa escolha, afinal, este é o momento delas e nada mais justo que elas decidam como será feito esse momento que marcará a vida delas até a consumação de seus dias.

  32. Rafaela Pereira Rocha Reis disse:

    Excelente texto. Provoca bastantes reflexões. Com ele, fica notório que a cultura indígena é algo muito grandioso, pois é dotada de muita pluralidade. No que diz respeito as questões do parto, essa pluralidade é ainda maior, uma vez que ganha sentidos e rituais específicos nas diferentes tribos. Diante de toda essa diversidade, vejo que é muito importante que os profissionais de saúde busquem conhecer melhor essa população, e assim, possam contribuir com a saúde das mulheres indígenas sem desrespeitar a diversidade.Cabe aos profissionais de saúde, executar suas atividades sem sobrepor os desejos e crenças das mulheres na hora do parto, tanto as indígenas, quanto as de outras culturas, para não tornarem este momento, um ato agressivo e que limite a voz feminina.

  33. Nayara Luiza Henriques disse:

    Por diversas vezes pude presenciar as pessoas se referindo ao parto normal como ”parto de índio”, sendo que tais comentários são envolvidos diretamente por uma conotação negativa e preconceituosa.O que falta-nos entender é que a diversidade indígena não pode e, não deve ser generalizada.O texto retrata de forma muito clara que parto normal não é parto de índio, pois o ato de partejar nas tribos indígenas envolve técnicas corporais próprias de cada tribo, de modo que expressam e refletem as crenças e o modo de viver, que é singular em cada uma delas.A ignorância acerca da riqueza que a cultura indígena carrega, culmina em uma visão turva e mal formulada sobre os índios por parte da sociedade.Um povo que carrega tanta exuberância e que se conecta tão bem com a natureza, de certo, possui seus próprios modos de sentir o nascer.O texto traz essa desconstrução sobre o parto no meio indígena, quebrando a ideia de que tudo que provém desse povo é ruim e arcaico e valorizando as virtudes e a magnitude cultural e histórica enraizada em todas as práticas dos índios.

  34. Marcela Lemos Morais disse:

    O texto aborda uma questão muito importante que envolve o preconceito e e a luta pra se manter um costume. Como vimos o “parto natural” tem sido alvo de muitas críticas por não seguir o modelo padrão, e pelo visto quem tem ficado com a “culpa” são os indígenas por não terem se adequado às novas tecnologias medicinais. Por isso, sofrem preconceito sem motivo, afinal, isso faz parte da cultura desses povos e, infelizmente, os “civilizados”, “os brancos”, os que não são indígenas e não vivem a mesma realidade desses povos não se esforçam nem um pouco para tentar entender o motivo das coisas serem como são em cada cultura, em cada crença. Fala-se tanto em respeito, mas as palavras de ordem quase sempre são preconceituosas e sem fundamento.

  35. Para muitas pessoas um parto natural gera preconceitos, a opinião destas pessoas são que é um parto que abre mão de tudo que a Humanidade desenvolveu para segurança da mãe e do bebê, voltando ao mesmo primitivismo de animais e povos indígenas. Para estas pessoas o modelo biomédico, europeu, branco é o certo.
    A ignorância e o medo do “desconhecido” levam sempre ao preconceito. Este tipo de opinião não leva em consideração a diversidade de cultura e saberes. Para o índio o nascer é mais que trazer ao mundo uma nova vida, cada etnia tem sua cultura, rituais e significados em torno do momento de nascer e também do pós-parto. Quando olhamos uma cultura diferente precisamos ter a consciência que ela não é melhor nem pior que nossa cultura é algo singular que não precisa ser seguido, mas é necessário ser respeitado.
    Acredito que para mudarmos esta situação precisamos de politicas publicas voltadas para esta população respeitando suas tradições e educação continua dos profissionais de saúde para dialogar com respeito dentro desta a diversidade.

  36. Yandra Moreira disse:

    Este texto nos mostra o quanto perdemos pela ignorância, por não saber aceitar o outro como ele é e com as bagagens que ele carrega, podemos aprender tanto com o que a princípio parece fora do comum, e perdemos muitas oportunidade por puro preconceito!
    O “nascer” é um processo fisiológico, e “parir” como os indígenas é maravilhoso! O parto precisa ser entendido como algo natural por essência, e não como opção!
    Parto natural e humanizado é a conexão da mulher com o filho e com o próprio corpo, e ambos merecem respeito!

  37. Quézia Hapuque Ferreira Miaranda disse:

    O texto nós proporciona uma grande reflexão sobre o quanto o “pré-conceito” em relação aos povos indígenas e suas técnicas de parto normal. Nesse sentido, pode-se observar que há um senso comum por parte dos indivíduos, visto que o parto normal é um processo fisiológico da das mulheres e ao discriminar esse ato uma parcela desses povos indígenas acaba ficando susceptíveis a complicações, caso ocorra, na hora do parto. Ademais, ao agir com descaso com a cultura e a bagagem desses povos, percebemos que quem perde somos nós, pois podemos aprender com eles novas técnicas e saberes indígenas, que seria enriquecedor. Sendo assim, grande parte desse preconceito vem dos modelos biomédicos que impõem de alguma forma que as mulheres devem fazer intervenções, como o uso de medicamentos ou até mesmo cesárea, para que o bebe venham mais rápido e com isso não respeitam o tempo do tanto fisiológico quando o tempo da criança para nascer.

  38. Ana Paula Rego Moreira disse:

    Incrível como que o saber de cada povo é colocado de forma clara no momento do parto. Pode-se até mesmo perceber que o significado que uma certa sociedade dá para o parto reflete em como aquele bebê irá crescer. Não se pode negar de que, nesse sentido, a ausência do modelo biomédico confere a esse nascer um sentido muito mais profundo.

  39. Mariana Queiroz disse:

    Olá, maravilhosa essa reflexão. Seria possível essa reflexão e as experiências dessas mulheres serem divulgadas entre elas. O parto das mulheres Indígenas está sendo colonizado pelos poder hegemônico da biomedicina. Elas vem sendo intensamente oprimidas e a cultura do medo e do risco é algo que precisa ser discutido por elas. Como fazer isso? Como o sentidos do nascer pode ajudá-las a contar o que vem acontecendo com seus corpos?

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