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Humanização: também para o bebê!

Quando se fala em humanização do parto, a primeira ideia que vem à cabeça é tornar a experiência do parto melhor para a mulher. Mas, e o bebê?

Humanizar o parto é também humanizar o nascimento. Não podemos nos esquecer do recém-nascido, fazendo o possível para que seja para ele também uma boa experiência! Afinal, nascer é uma mudança drástica na vida.

Atualmente no Brasil, muitas intervenções têm sido feitas nos bebês assim que nascem. Contudo, esses procedimentos são, na maioria das vezes, desnecessários. Cerca de 90% dos bebês nascem saudáveis e não precisam de nenhuma intervenção. 

H-34São alguns exemplos dessas práticas:

1) Aspiração das vias aéreas (boca e nariz)

2) Aspiração gástrica

3) Aplicação de colírio

4) Sondagem anal

5) Uso de oxigênio inalatório

Crianças que nascem saudáveis devem ir diretamente para o colo da mãe, sem serem submetidas a tais procedimentos. Mas não é o que acontece atualmente no Brasil. Os serviços de saúde têm feito de forma inadequada tais práticas de forma rotineira, sem individualizar o atendimento e sem respeitar as reais necessidades de cada bebê.

E essas práticas não estão isentas de malefícios! Segundo o artigo “Práticas de atenção hospitalar ao recém-nascido saudável no Brasil“, elas interferem na relação e na formação de vínculo mãe-bebê, que é extremamente importante para o bom funcionamento da fisiologia do bebê. O contato corporal mãe-bebê ajuda a regular a temperatura do recém-nascido, a manutenção do equilíbrio acidobásico, o ajuste da respiração e do choro, e promove o comportamento “cuidador materno”. Da mesma forma, o bebê pode aumentar a atenção da mãe para as suas necessidades, influenciar o início e a manutenção do aleitamento materno e estimular a liberação de hormônios do trato gastrointestinal, resultando em melhor aproveitamento de calorias ingeridas. Os efeitos de algumas dessas situações podem ainda ser detectadas meses mais tarde.

Esse mesmo artigo avaliou a adesão dos hospitais e maternidades às boas práticas na atenção aos bebês, em todo o Brasil, em 2011-2012. E o que encontraram foi um excesso de realização de práticas consideradas inadequadas: uso de oxigênio inalatório em 9,5% dos bebês, aspiração de vias aéreas em 71,1%, aspiração gástrica em 39,7% e uso de incubadora em 8,8% – índices muito mais altos do que se espera e se recomenda.

Já o aleitamento materno na primeira hora de vida –  que é de extrema importância para a formação do vínculo mãe-bebê, para prevenir hipoglicemia etc. – foi realizado menos do que o recomendado, em apenas 16,1% dos casos.

A humanização do nascimento é portanto, melhorar as práticas na atenção ao recém-nascido, evitando realizar de rotina práticas que são consideradas inadequadas. É, também, aplicar as boas práticas, que são, por exemplo:

1) Clampeamento tardio do cordão umbilical

2) Contato pele a pele imediato mãe-bebê

3) Início precoce do aleitamento materno

4) Método canguru

Assim, humanizar o nascimento é não só tornar essa experiência mais agradável e respeitosa, mas também aplicar as práticas baseadas nas evidências científicas. É abordar o nascimento com um olhar que vai muito além da simples sobrevivência.

2 respostas para “Humanização: também para o bebê!”

  1. Denise Fonseca Pereira disse:

    Muito legal esse blog. Com certeza irei divulgar o trabalho de vocês, sou enfermeira e infelizmente fui mais uma vítima da cesariana. Devido as condições do meu parto nada saiu como planejei. Se puder contribuir de alguma forma é só fazer contato.
    Um abraço.

    • sentidosdonascer disse:

      Sempre podemos contribuir ao incentivar a equipe à tratar as gestantes e parturientes com uma conduta humanizada e indicar as melhores práticas na assistência ao parto! Indicar os grupos de gestantes ou mesmo participar de um é uma ótima idéia para contribuir com a nossa causa! Obrigada pela disposição, um abraço!

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