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Cesariana? Só em último caso!
Uma exceção que virou regra
A cesariana existe para salvar vidas quando uma situação adversa impede o parto normal. A Organização Mundial de Saúde estima que a cirurgia seja necessária para 15% dos nascimentos, mas no Brasil os índices são muito superiores a essa recomendação: 56,7% dos bebês nascem por meio desta cirurgia e, na rede privada, a taxa supera 80%. Este fenômeno tem sido chamado de epidemia, pelos riscos que traz à saúde.
Entre tantas justificativas sem fundamentação técnica – “cordão enrolado no pescoço”, “sofrimento fetal”, “não tem dilatação” – vemos os riscos da cesariana para a mãe e para o bebê serem ignorados. Ao mesmo tempo, essa cirurgia de grande porte ganha, equivocadamente, status de parto moderno, tecnológico, controlado e seguro. Tanta desinformação nos faz testemunhar hoje o aumento do número de crianças prematuras no país (12,5%, quase o dobro do recomendado) e a dificuldade em reduzir a mortalidade materna.
A cesariana é uma técnica cirúrgica que retira o bebê do ventre da mãe após serem cortadas sete camadas – da pele ao útero. Além de uma recuperação mais difícil e da dor, ela aumenta a chance de infecções, hemorragias e hérnias, pode lesionar órgãos, dificulta a amamentação e o vínculo entre mãe e filho e impõe maior risco na gravidez seguinte. Para o bebê, além do risco de ser prematuro ou imaturo (retirado antes do trabalho de parto e antes de estar pronto para nascer), pode ocasionar cortes acidentais, separação da mãe, dificuldade respiratória, dificuldade para amamentar e necessidade de internação. No futuro, essa criança está mais propensa a desenvolver doenças crônicas como obesidade, diabetes, hipertensão, asma e alergias.
O corpo feminino é preparado para dar à luz, o tempo de cada mulher é único e a fisiologia do parto precisa ser respeitada.
O lugar da cesariana é o da excepcionalidade.

Foto Olhar Mamífero
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