Acompanhe por aqui relatos e experiências registrados durante a produção da exposição.

A mulher sabe parir

O parto normal acontece espontaneamente e o bebê nasce, na maioria das vezes, sem necessidade de qualquer intervenção sobre o corpo da mulher; 85% das mulheres podem ter parto normal. Entretanto, com a mudança do local do parto nas últimas décadas, houve um rápido incremento de inúmeras práticas para iniciar, corrigir, acelerar ou regular o processo fisiológico do parto de forma a racionalizar e organizar o trabalho no hospital.

Os altos níveis de intervenções “inúteis, inoportunas, inadequadas e/ou desnecessárias, têm resultado em riscos adicionais para mulheres e bebês”*. A raspagem de pelos, a lavagem intestinal, o jejum, a solidão, a imobilização, a posição ginecológica, o uso de hormônios artificiais para acelerar o parto e o corte da vagina (episiotomia), em conjunto com a falta de autonomia da mulher, criaram o cenário de um parto sofrido, solitário e traumático. O parto no Brasil é anormal, violento e responsável por um contrassenso: a cesariana agendada, sem real necessidade, surge como alternativa pretensamente segura para muitas mulheres.

O respeito, a dignidade e qualidade na assistência ao parto precisam ser recuperados. A mulher tem direito a uma boa experiência de parir – o bom parto. Deve ter autonomia em suas escolhas, desde o local do parto (parto domiciliar planejado, centro de parto normal ou hospital) até as práticas de cuidado.

Neste novo cenário a equipe é multidisciplinar com a participação da enfermeira obstetra/obstetriz e da doula. O parto ocorre em quarto individual com banheiro e são utilizadas as técnicas de alívio da dor, até hoje sonegadas na maior parte dos serviços. Os fatores emocionais, expectativas e a vivência do parto são importantes, as especificidades da mulher e sua integridade corporal são valorizadas. A satisfação com o parto é essencial. O ritmo individual rege a evolução do parto e a mulher dirige seu próprio corpo, tem liberdade para se movimentar, se alimentar e para escolher a posição de parir. O parto é da mulher!. E, assim, o parto passa a ter um novo sentido.

*Organização Mundial da Saúde, 1985


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Foto Kalu Brum

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