Acompanhe por aqui relatos e experiências registrados durante a produção da exposição.

A itinerância e o alcance de diferentes públicos

Guestpost | Bernardo de Oliveira, coordenador geral da Sentidos do Nascer

Como as antigas trupes de artistas ambulantes que perambulavam de uma cidade para outra, fazendo apresentações em feiras e praças, o formato itinerante da exposição Sentidos do Nascer facilita o acesso a muita gente. Os containers podem ser montados em praças públicas ou áreas de grande circulação, facilitando o acesso de pessoas que nunca foram a um museu, nem buscariam uma exposição. Foi o que ocorreu, no  mês de Abril de 2015,  em que a exposição ficou no parque Municipal de Belo Horizonte.

making-of-126O parque fica na área central da cidade e é frequentado por um público bastante diversificado. Nos finais de semana, a grande maioria é de famílias com crianças e grupos de jovens. Nos dias de semana, uma parte significativa dos frequentadores é de população de rua, alguns usuários de álcool e  drogas,  e outsiders em geral, que encontram no parque um ambiente tranquilo, seguro para dormir e com acesso a banheiros públicos,  inexistentes no resto da cidade.

Na hora do almoço, a maioria era de funcionários e trabalhadores da região que iam se distrair um pouco no parque. Grande parte desse público  -foram 3800 visitantes nas 3 semanas que a exposição ficou no parque – nunca tinha ido a um museu ou galeria. Como não fazia parte de seus hábitos culturais, muitos  perguntavam se era uma feira ou um show, e depositavam suas sacolas e utensílios perto da porta de entrada, para adentrar num ambiente totalmente inesperado.

E como se emocionaram…

E como desmontaram preconceitos da equipe e de outros visitantes “tradicionais”, que ficavam surpresos com a “invasão”, pois a polícia local havia orientado que não os deixassem entrar, pois eram “criadores de caso e risco potencial”. Que nada, acabamos ganhando apreciadores e apoiadores, que se misturaram com outros públicos de forma muito feliz.

making-of-124Me marcou muito a visita de uma escola da rede pública municipal, em que um professor de educação física, sabendo que uma aluna de 14 anos estava grávida e a turma envolvida no caso, levou sua turma para conhecer e debater os sentidos do nascimento com mais informação.

Não sei se foi algum aluno dessa escola ou de outras tantas que lá passaram, mas, algumas semanas depois, nos chamou especial atenção um casal de meia idade que ficou sentado por um bom tempo na área de conversas, onde são expostos os painéis com textos e  mostrados alguns filmes, observando  tudo atentamente. Quando perguntamos o que os tinha trazido à exposição, disseram: “viemos tentar compreender por que nosso filho ficou tão tocado”.

Foram  experiências como estas,  de pessoas trazendo outras, retornando com amigos, colegas de trabalho e  parentes,  querendo compartilhar emoções e reflexões, que de fato acabaram encantando toda equipe e fazendo daquele um momento muito especial.

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