Acompanhe por aqui relatos e experiências registrados durante a produção da exposição.
A história do nascimento
Como você gostaria de ter vindo ao mundo?
Por muitos e muitos anos essa pergunta não faria qualquer sentido. Durante milênios, bebês nasceram em suas próprias casas em um ritual restrito às mulheres. A partir do século XVIII, de evento domiciliar auxiliado por parteiras, as mulheres da alta sociedade inglesa passaram a ser atendidas por médicos. O pensamento iluminista levou para o nascimento os princípios da lógica e da razão: o corpo é uma máquina (defeituosa) e o médico, o seu mecânico.
A concepção tecnicista alterou o modelo de assistência ao parto e os fatores emocionais e os desejos das mulheres passaram a ser negligenciados. Mulheres e filhos foram separados. A mulher passou a parir deitada em função da conveniência médica. Essa simples intervenção desencadeou outras várias para corrigir o corpo da mulher, tratado como incapaz de parir de forma autônoma.
Somente no fim do século XIX as gestantes foram atraídas para o hospital, em grande parte por causa da cesariana para partos “complicados”. Mas as senhoras “de bem” tinham seus filhos em casa. O hospital era para pobres, mulheres sem lar estabelecido, mães solteiras e prostitutas. O parto hospitalar se consolidou há apenas 50 anos. No Brasil, as mulheres passaram a ter duas alternativas: um parto vaginal cheio de intervenções desnecessárias ou a cirurgia de extração do feto, que desde 2009 predomina como a forma de nascer dos brasileiros.
Como resposta surgem os movimentos pela humanização da assistência ao parto, que reivindicam a qualidade na assistência e o direito ao parto respeitoso. Impulsionam assim as políticas públicas de promoção do parto normal e a implementação da assistência baseada no protagonismo e autonomia da mulher, nos direitos humanos, nas evidências científicas, na segurança. Buscam reafirmar toda a sabedoria e os mistérios dos sentidos de parir e nascer.


Parto sentada na Idade Média

Deixe um comentário